Policiais federais foram obrigados a contratar um chaveiro para conseguirem cumprir mandados de busca e apreensão na Assembleia Legislativa, e entrar no gabinete do deputado Jeferson Alves (PDT), um dos alvos da Operação Virius.
A operação foi deflagrada na manhã desta quinta-feira, 13, com o objetivo de investigar fraudes de licitações de produtos e serviços para o enfrentamento do COVID-19 no estado de Roraima.
As contratações suspeitas de irregularidades envolveriam aproximadamente 50 milhões de reais, utilizados na aquisição de insumos médico-hospitalares básicos, respiradores, testes rápidos, material informativo impresso e leitos em hospitais particulares.
Conforme informações obtidas pelo Política Macuxi, os policiais chegaram à Assembleia por volta das 06h e, como não conseguiram adentrar no gabinete do parlamentar, solicitaram os serviços de um chaveiro. Os agentes ficaram no gabinete por mais de 2 horas, deixando o local às 08h25 com vários malotes de documentos apreendidos.
Além do gabinete, a casa do parlamentar também foi um dos locais em que os mandados foram cumpridos, assim como a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).
Em nota enviada à reportagem do Portal Política Macuxi, a assessoria de comunicação do deputado Jeferson Alves informou que, a respeito da Operação Vírion, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira, o deputado esclarece que recebeu a ordem judicial de busca e apreensão e desde já se coloca à disposição das autoridades para esclarecer qualquer fato.
Inquérito policial
O inquérito policial da PF investiga o envolvimento do ex-secretário de saúde de Roraima, Francisco Monteiro, e do deputado estadual Jeferson Alves nas contratações da Sesau.
O parlamentar, segundo a PF, solicitaria a servidores que dessem andamento aos processos e pagamentos. Um ex-deputado estadual também atuaria no processo.
As investigações sugerem que os envolvidos teriam se aproveitado da possibilidade de contratações diretas, em razão da pandemia, para facilitar os processos.
Conforme a PF, verificou-se que os procedimentos não seguiam ordem cronológica, de forma que processos mais antigos seriam preteridos em favor dos de interesse do grupo, bem como teriam o trâmite concentrado em único setor da Secretaria de Saúde, sem qualquer transparência ou publicações.
Governo
Em nota, o Governo de Roraima esclareceu que em maio de 2020 o governador Antonio Denarium exonerou o então secretário de Saúde, Francisco Monteiro Neto e vários servidores após constatar indícios de irregularidades na gestão na Sesau.
A denúncia foi encaminhada pelo Governo aos órgãos controladores do Estado, a exemplo da Controladoria-Geral do Estado e Tribunal de Contas do Estado, para providências.
Em ato contínuo, o governo trabalha para conseguir o ressarcimento por meio da Justiça do valor de R$ 6 milhões pagos pela compra de respiradores
“O Governo de Roraima está à disposição da Polícia Federal para colaborar com as investigações”, frisou.