Uma das vozes mais ferrenhas da esquerda no Senado, Telmário Mota (PROS) anunciou uma aliança inesperada com o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido).
O senador, que chegou a mudar de sigla após seu antigo partido, o PTB, declarar apoio a Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018, afirmou que o presidente tem dívidas com Roraima e que o apoiará para equacioná-las.
“O presidente [Jair Bolsonaro] teve a segunda maior votação em Roraima, a maior aprovação. A esperança do nosso povo ainda é muito grande em relação as promessas de campanha. Ele tem dívidas com Roraima e precisamos equacionar”, disse em entrevista ao Portal Política Macuxi.
Apesar de nunca ter se pronunciado contrário a Bolsonaro, Telmário chegou a causar atrito recente com o governo federal quando, em 2019, se encontrou com Nicolas Maduro na Venezuela para negociar a abertura da fronteira entre o Brasil e o país vizinho.
Sem cargos
A história, no entanto, parece já ter sido superada, já que o próprio senador admitiu que irá seguir todas as votações do governo no Congresso.
“Tenho acompanhado todas as votações do governo, mas quero políticas públicas para Roraima. Temos que resolver a questão fundiária, energética e de exportação para fortalecer. Esse é o caminho para crescer, no setor primário que gera emprego e renda”, destacou.
Mota garantiu que a aliança não envolve negociações por emendas ou cargos.
“Apesar de Roraima ter a maior riqueza natural per capita do mundo, é o estado mais pobre do Brasil. Isso porque os parlamentares, ao invés de se preocuparem para o estado crescer, gerar renda e emprego, se preocuparam em negociar emendas e indicações de cargos”, afirmou.
O senador informou que teve uma reunião a portas fechadas com Bolsonaro e que o apoio ao governo federal trará o que Roraima precisa.
“A conversa foi boa, receptiva, não fiz nenhuma indicação de cargo, só quero aquilo que Roraima está precisando. Aproveitando a questão da pandemia, o presidente me passou um relatório de tudo que a união já fez por Roraima tanto para prefeitura quanto para o governo”.
Entenda o apoio dos senadores a Bolsonaro
Sem base de sustentação no Senado, o governo intensificou as negociações por apoio ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) que é alvo de investigações e a oposição recolhe assinaturas para outra CPI no Congresso.
A avaliação no Palácio do Planalto é a de que o governo precisa de uma blindagem no Senado.
“O presidente precisa de base parlamentar para todos os projetos. Isso é um processo muito natural e o Pros está disposto a levar a ele sugestões e indicações, contribuindo com políticas públicas”, observou Telmário.