Ruan Kenobby, ex-vereador de Boa Vista pelo partido DC, residente atualmente em Boston, nos Estados Unidos, tem utilizado suas redes sociais para denunciar o que ele chama de “esquemas” envolvendo a Câmara Municipal de Boa Vista.
Após não ser reeleito nas eleições de 2024, Kenobby vem fazendo acusações graves contra o legislativo da capital roraimense, alegando práticas institucionalizadas de desvios milionários.
Em postagens feitas nessa segunda-feira, 03, na rede social Instagram, o ex-vereador detalhou o que afirma ser o funcionamento interno do esquema.
Segundo Kenobby, vereadores utilizariam notas fiscais frias para justificar despesas inexistentes, com o objetivo de desviar verbas públicas. Ele menciona que os valores podem alcançar até R$ 1,5 milhão anuais por parlamentar, permitindo desvios de 30% dos recursos.
“Eu não tenho medo de vereador(a). Respeita minha história e, se você é honesto, abra mão das regalias de R$ 100 mil”, disparou Kenobby em uma das postagens, desafiando os parlamentares a provarem sua idoneidade.
Além disso, Kenobby criticou o aumento recente das verbas de gabinete, que saltariam de R$ 35 mil para R$ 50 mil. Ele ainda destacou que, somadas às verbas indenizatórias e ao salário, o total recebido por cada vereador pode ultrapassar R$ 80 mil mensais. “Enquanto isso, a população ganha salário mínimo”, ironizou.
Em outra publicação, o ex-vereador afirmou que alguns parlamentares eleitos gastaram até R$ 6 milhões em suas campanhas e agora vão utilizar o mandato para “recuperar o que foi investido”, ao invés de trabalhar em prol da população. Kenobby também acusa o legislativo de conivência com práticas envolvendo emendas parlamentares.
Retaliação
Fontes do site Política Macuxi, afirmam que as críticas públicas de Kenoby são por conta da quebra de uma promessa feita pelo presidente da Câmara, Genilson Costa, de garantir empregos para vereadores não reeleitos.
“O descumprimento desse acordo teria sido o estopim para que o ex-vereador iniciasse a série de exposições” explicou.
Trajetória e contexto
Kenobby, que iniciou sua carreira política aos 17 anos, foi eleito vereador em 2020 com 1.437 votos, após duas tentativas frustradas em 2012 e 2016. Em 2024, no entanto, não conseguiu a reeleição, ficando como suplente com 1.722 votos. Desiludido com o cenário político brasileiro, mudou-se para Boston, onde busca recomeçar sua vida longe das disputas políticas.
“Após anos dedicados à política, percebi que o Brasil não me permitia projetar um futuro sustentável”, declarou. Desde então, ele afirma estar focado em seu bem-estar e em construir um novo caminho.
Impacto e repercussões
As declarações de Kenobby colocam a Câmara Municipal de Boa Vista sob os holofotes e levantam questionamentos sobre a gestão dos recursos públicos. Caso sejam comprovadas, as denúncias podem expor um esquema envolvendo recursos de gabinete, verbas indenizatórias e emendas parlamentares.
Por outro lado, as acusações também colocam o ex-vereador em uma posição de potencial alvo de críticas e retaliações. Até o momento, a Câmara Municipal não se pronunciou oficialmente sobre as denúncias.
