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Candidatos questionam eleição para reitor do IFRR e ameaçam levar denúncias à Justiça

Candidatos ao cargo de reitor do Instituto Federal de Roraima (IFRR) estão contestando o resultado da recente eleição, alegando uma série de irregularidades que teriam favorecido a reeleição da atual reitora, Nilra Jane.

No pleito para reitor do IFRR, quatro professores, todos do Campus Boa Vista, concorreram ao cargo, sendo Nilra Jane Filgueira Bezerra reeleita com 33,2% dos votos válidos. Joseane Cortez obteve 17,8%, seguida de Paulo Russo, com 15%, e de Sivaldo Souza, com 13,3%. O índice geral de comparecimento dos 5.479 eleitores aptos a votar foi de 54,12%.

No cômputo geral, a maior abstenção se deu na categoria de estudantes: 51,57%. Dos 4.838 estudantes aptos a votar, participaram do pleito 2.343 (48,43%). Tanto os técnicos como os docentes tiveram uma votação expressiva: 97,9% e 96%, respectivamente.

Desde que deixou de ser Centro Federal de Educação Tecnológica de Roraima (Cefet-RR), tornando-se Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR), em dezembro de 2008, é a primeira vez que ocorre reeleição na disputa pelo cargo de dirigente máximo da instituição.

Roraimense e professora de matemática há 40 anos, Nilra Jane foi reeleita usando o slogan “Por um IFRR maior e mais forte”. “

Insatisfeitos com a condução do processo eleitoral, os outros candidatos decidiram levar o caso à Justiça após tentativas administrativas sem sucesso.

Entre as principais denúncias apresentadas estão:

Distribuição de brindes pela candidata reeleita: Há relatos, apoiados por fotos, vídeos e testemunhos, de que a atual reitora teria distribuído brindes durante a campanha, o que é vedado pelas regras eleitorais do instituto.

Anulação de punição por meio do Conselho Superior (Consup): A punição anteriormente aplicada à candidata Nilra Jane teria sido anulada pelo Consup em uma votação que incluiu membros diretamente ligados à sua campanha, levantando suspeitas sobre a imparcialidade do conselho.

Extinção da Comissão Central antes da análise de todos os requerimentos: A Comissão Central responsável por conduzir o processo eleitoral teria sido dissolvida sem concluir a avaliação de todas as solicitações, transferindo a responsabilidade para o Consup, o que não estaria previsto no edital da eleição.

Abertura de processos éticos durante a eleição: No dia da votação, foram abertos processos no Comitê de Ética contra dois candidatos opositores. Essas ações foram publicadas no Sistema Unificado de Administração Pública (SUAP), expondo os servidores antes de qualquer julgamento, o que contraria procedimentos que deveriam ser restritos até a conclusão do processo.

Aumento significativo de viagens ao interior: Dados apontam que, em 2024, houve um aumento considerável no número de viagens ao interior realizadas pela gestão atual em comparação com anos anteriores — de 2 viagens em 2022 para 19 até julho de 2024. Os candidatos questionam se essas visitas teriam sido usadas para promover a candidatura da reitora.

Presidente da comissão deflagradora ligada à gestão atual: O chefe de gabinete, que presidiu a comissão responsável por iniciar o processo eleitoral, teria demorado quase 60 dias para compor as comissões, resultando em um curto período de campanha. O edital previa um prazo de 90 dias, e a demora teria beneficiado a candidata à reeleição.

O advogado Gabriel Mourão, representante dos candidatos que contestam o resultado, afirmou que medidas legais já foram iniciadas.

“Estamos buscando a anulação do pleito devido às diversas irregularidades que comprometem a lisura do processo eleitoral. Esperamos que a Justiça possa corrigir essas falhas e garantir um processo justo para todos os candidatos”, declarou.

Resposta do IFRR

A assessoria de comunicação do Instituto Federal de Roraima (IFRR) informa que até o momento o IFRR não foi notificado de nenhuma ação judicial  a respeito dessas denúncias.

“Informamos, ainda, que nenhum recurso foi protocolado junto à Comissão Central Eleitoral, responsável pelo processo de escolha de dirigentes, nem questionando o resultado preliminar, nem o resultado final da votação, este último publicado no dia 6 de setembro”

Impacto na comunidade acadêmica

As denúncias têm gerado preocupação entre estudantes, professores e servidores técnicos do IFRR. A legitimidade do processo eleitoral é fundamental para garantir a confiança na administração da instituição e assegurar que as decisões tomadas refletem os interesses de toda a comunidade acadêmica.

Próximos passos

Os candidatos que contestam o resultado aguardam o andamento do requerimento administrativo e esperam que o caso seja analisado com celeridade, caso contrário irão recorrer ao judiciário. Enquanto isso, a expectativa é que o IFRR promova o diálogo e a transparência para esclarecer os pontos levantados e restabelecer a confiança no processo eleitoral interno.

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