Em uma noite marcada por simbolismos religiosos e trocas políticas, o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique, oficializou na sexta-feira (17) sua filiação ao Partido Liberal (PL), legenda fortemente ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
A assinatura da ficha no CTG da capital roraimense marcou o seu desligamento do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido ao qual estava filiado desde 2020.
“O presidente Bolsonaro conversou comigo diversas vezes, mostrando a importância que ele considera o Estado de Roraima para o país — um estado rico, que pode promover desenvolvimento econômico e transformar vidas. É um momento importante, de construção e ampliação do grupo. A entrada do prefeito no PL era um ponto de honra para o presidente Bolsonaro, uma luta pessoal para nos trazer ao partido. Este é o evento político mais importante que estamos tendo no Brasil hoje.” explicou Waldemar em coletiva a imprensa
A cerimônia e seus símbolos
O evento que aconteceu no Centro de Tradições gaúchas, CTG, teve ampla participação popular e foi aberto por uma oração evangélica de proteção, evocando os motes “Deus, pátria e família” — ritos que reforçam a base ideológica que Arthur Henrique quer transmitir no novo tempo partidário.
De forma presencial, o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, discursou de forma enfática que o partido dará apoio a Arthur em qualquer caminho que ele decida tomar, seja para o Senado ou Governo estadual. “Eu descobri o Arthur, queremos gente com essa aprovação, fazer o partido maior”, disse.
Em sua fala, Arthur reforçou que a filiação não representa um lançamento imediato de candidatura- “é um momento de filiação, não é lançamento de campanha” –, mas admitiu ter sido convidado para disputar em 2026, enquanto aguarda, com “Deus à frente”, a melhor decisão para sua família e o povo de Boa Vista.
“Gente, como eu coloquei, é um momento de filiação, não é um momento de lançamento de campanha. É um momento de se colocar preparado para passos no futuro. Estou preparado para novos ares, para novos caminhos, mas tudo depende da conjuntura política. Há um convite para que eu saia candidato no ano que vem, mas é um processo em que a gente vai escutar a família, a população de Boa Vista e colocar Deus à frente dessa decisão. O que for melhor para o nosso país é o que a gente vai seguir.”
O cenário político, ausências e presenças
Apesar da grandiosidade da solenidade, duas figuras que tradicionalmente integram o círculo político do prefeito – a ex-prefeita Teresa Surita e o ex-senador Romero Jucá, ambos do MDB – não estiveram presentes. Arthur Henrique, em coletiva, tratou de negar um rompimento político com ambos.
Questionado se a mudança de partido representa uma ruptura com antigos aliados, o prefeito negou:
“De forma alguma. Eu sou hoje prefeito de Boa Vista pela condição que a Teresa me deu para ser prefeito dessa cidade. Fui secretário dela durante duas gestões. É uma construção para ampliar o grupo, nos fortalecermos aqui para buscar resultados maiores para Boa Vista, para Roraima e para o nosso país. A Teresa é a pessoa que me deu a oportunidade de estar onde estou. Fui secretário dela durante oito anos, e a transformação dessa cidade é fruto do trabalho que ela realizou. Minha aprovação hoje é consequência disso. Ela está no MDB, e este é um momento de fortalecimento do grupo, trazendo o maior partido do país para fazer parte dessa construção do nosso Estado.”
A organização do evento também exibiu vídeos de boas-vindas dos deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e General Girão (PL-RN), e o senador Magno Malta (PL-ES).Ainda estavam no CTG o líder da oposição no Senado e secretário do PL, Rogério Marinho (RN), e os deputados federais Nicoletti (União Brasil-RR), Pastor Diniz (União Brasil-RR) e Giovani Cherini (PL-RS).
Também estiveram os deputados estaduais Armando Neto (PL), Idazio da Perfil (MDB), Isamar Júnior (Podemos), Neto Loureiro (PMB), Marcinho Belota (PRTB) e Rarison Barbosa (PMB), além de vereadores aliados do prefeito e o ex-deputado federal Luciano Castro e o ex-vice-governador Paulo César Quartiero.
Três caminhos na mesa para 2026
Candidatura ao Governo com palanque PL
Força: agrega base governista federal do bolsonarismo, amplia tempo de TV e chapas proporcionais; capitaliza aprovação na capital.
Folha BV
Risco: disputa direta com Teresa (MDB) e Edilson (Republicanos), que já figuram em 1º e 2º em cenários testados; exigirá costura para evitar fragmentação à direita.
Candidatura ao Senado
Força: menor fragmentação; narrativa de “voz de Roraima em Brasília” com apoio nacional do PL; reduz atrito imediato com MDB local.
Folha BV
Risco: janela única; precisa conciliar padrinhos do MDB e o projeto do PL, que pode querer cabeça de chapa ao Governo.
Manter-se na Prefeitura até o fim e liderar aliança
Força: conserva altíssima aprovação e poder de endosso; negocia apoios em troca de espaço em 2028/2030.
Prefeitura Municipal de Boa Vista
Risco: perde timing de 2026, quando seu recall está no pico.
O tabuleiro dos adversários e aliados
MDB (Teresa Surita): lidera cenários; ausência dela e de Jucá no ato do PL expôs tensão, mas Arthur negou rompimento. Pontes seguem abertas para eventual composição.
Republicanos (Soldado Sampaio, Edilson Damião): segundo lugar nos cenários; tende a disputar o mesmo eleitorado conservador.
PL nacional: aposta declarada de Valdemar na ascensão de Arthur em Roraima; presença de líderes nacionais indica prioridade estratégica.





