A partir de 6 de agosto, Roraima passa a contar com uma nova aliada na formação de jovens protagonistas. A Escola Sebrae inaugura sua unidade em Boa Vista com uma proposta ousada: promover uma educação empreendedora com impacto social, capaz de transformar pessoas e ambientes.
O projeto é fruto de uma articulação entre o Sebrae Roraima, a Secretaria de Estado de Educação e Desporto, a Secretaria de Planejamento e Orçamento, o Governo do Estado e o deputado Marcos Jorge, unindo forças em torno da inovação na educação pública.
Mais do que conteúdos acadêmicos, a Escola Sebrae traz uma proposta de ensino baseada no desenvolvimento de competências como gestão, inovação, criatividade e protagonismo. Tudo isso alinhado aos quatro pilares da educação definidos pela UNESCO: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.
A unidade chega com um propósito claro: contribuir para o alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 (ODS 4) da ONU, que propõe garantir educação inclusiva, equitativa e de qualidade para todos até 2030. O foco é preparar jovens não apenas para o mercado, mas para a vida — formando cidadãos críticos, comprometidos com o desenvolvimento sustentável.
Esse conceito de educação transformadora, que integra o currículo escolar às vivências e valores do cotidiano, é reconhecido como central pela Organização das Nações Unidas. Em sua resolução 72/222 (2017), a Assembleia Geral reafirmou o papel da UNESCO como líder global na Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), reconhecendo a EDS como um pilar essencial para o cumprimento de todos os demais ODS.
A EDS propõe uma formação que vai além das questões ambientais. Envolve um aprendizado contínuo ao longo da vida, com equidade, inclusão e qualidade. Promove a capacidade de tomar decisões conscientes, agir coletivamente e transformar políticas, práticas e mentalidades. Envolve aspectos cognitivos, socioemocionais e comportamentais, além de considerar o ambiente, os conteúdos, os processos e os resultados da aprendizagem.
Na Ibero-América, esse movimento por uma educação voltada à sustentabilidade vem ganhando força nos últimos anos. Países como Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, México e Panamá já incorporam, gradualmente, temas como meio ambiente e cidadania responsável em seus currículos escolares. Isso reflete uma mudança de mentalidade: formar jovens mais conscientes e engajados com as transformações que o mundo precisa.
Duas redes têm fortalecido esse avanço: a Rede Global EDS 2030, criada pela UNESCO para conectar líderes e instituições de todo o mundo em torno da educação sustentável; e a Rede Ibero-Americana de Inovação Educacional, que promove a troca de experiências entre países da região, com apoio da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) e do governo da Espanha.
Essas redes permitem alinhar políticas, compartilhar boas práticas e construir caminhos conjuntos rumo a um futuro mais sustentável.
No Brasil, mais de 5 milhões de alunos já passaram pelos programas educacionais do Sebrae. Entre os destaques está o Empretec, metodologia da ONU aplicada no país desde 1993, que já capacitou mais de 300 mil pessoas e tem aprovação de 89% dos participantes. Mais de 80% deles abriram negócios após o curso.
Dados internos do Sebrae mostram que cerca de 70% dos participantes de iniciativas como o Empretec e o Jovem Empreendedor implementam mudanças reais em suas trajetórias profissionais ou nos negócios logo após a formação.
Esses programas fortalecem o crescimento das micro e pequenas empresas, que hoje representam 27% do PIB nacional, empregam 52% da força de trabalho formal e respondem por 40% da massa salarial do Brasil.
Segundo o estudo “Empreendedorismo no Brasil 2023”, com base no Monitoramento Global do Empreendedorismo (GEM), 48 milhões de brasileiros sonham em empreender. Mais da metade dos que já começaram um negócio o fizeram por oportunidade, e não por necessidade.
Se esse potencial for concretizado, o Brasil pode dobrar, em até cinco anos, o número de empreendedores, gerando impactos expressivos na economia e na inclusão social. Para o economista Marco Aurélio Bedê, da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae Nacional, o empreendedorismo é uma das grandes chaves para o desenvolvimento do país.
Se conseguirmos transformar essas pessoas que desejam empreender em empresárias de fato, estaremos promovendo uma inclusão social fantástica. Vamos inserir na economia pessoas de baixa renda, melhorar a autoestima de quem tem baixa escolaridade e dar protagonismo a grupos como pretos, pardos, mulheres e jovens — todos merecem mais espaço e oportunidade.afirma Bedê.
A nova Escola Sebrae em Boa Vista chega nesse contexto: como parte de uma estratégia para fortalecer o ecossistema regional e fomentar o empreendedorismo desde a juventude.
Ao oferecer uma formação prática, conectada à realidade e com alto potencial de transformação, a unidade busca reduzir um dos grandes desafios do empreendedorismo no Brasil: a alta taxa de mortalidade das empresas. Hoje, quase 30% das empresas fecham as portas em até seis anos.
Mais do que formar empreendedores, a proposta é cultivar líderes preparados para transformar o ambiente em que vivem. Educação empreendedora é isso: uma semente de mudança que germina dentro e fora da sala de aula.