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Governo revida críticas da ALE com demissões em bloco de secretários; Confira quem saiu

O clima de guerra entre o governador Antonio Denarium (PP) e parte da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) deixou de ser apenas figurativo. Nesta quinta-feira (15), o Diário Oficial do Estado trouxe uma série de exonerações estratégicas no primeiro e segundo escalões do governo — uma resposta direta às críticas recentes feitas pelo vice-presidente da ALE-RR, deputado Jorge Everton (União Brasil), que foi apoiada por outros parlamentares.

A medida representa um rompimento claro com parlamentares que, até pouco tempo, compunham a base aliada do Executivo. Os exonerados pelo governador Antonio Denarium no Diário Oficial de 15 de maio de 2025 ocupavam cargos estratégicos em secretarias e órgãos importantes do Estado, a maioria com forte ligação a indicações políticas de deputados da base legislativa. Entre eles, estão nomes como Vicente Ricarte, que comandava a Junta Comercial (JUCERR), e Kelton Oliveira, que respondia pela Secretaria de Agricultura — Kelton assumiu o cargo tem uma semana.

Moisés Lima e Ynae Cruz ocupavam cargos adjuntos e também eram ligados à mesma articulação política. Já Éder Ribeiro havia assumido recentemente como secretário adjunto da Saúde, enquanto Antônio Diego Aragão chefiava o Detran, órgão frequentemente disputado por grupos políticos e teria desobedecido uma ordem direta do governador, afirmando que o cargo que ocupava era de um parlamentar.

Nota

O Governo de Roraima informa que está avaliando os perfis para a composição das novas nomeações nos órgãos e secretarias estaduais. As exonerações fazem parte de processo natural de ajustes administrativos, com foco na eficiência da gestão pública e no fortalecimento das ações prioritárias do Executivo.

Os novos nomes serão anunciados em momento oportuno, após análise de perfis técnicos e institucionais adequados para cada função. O Governo reafirma o compromisso com a responsabilidade na condução das políticas públicas e com a continuidade dos serviços prestados à população.

Alguns, como Bruno Guedes e José Augusto Arruda, também foram nomeados este ano e nem chegaram a esquentar a cadeira, sendo exonerados após poucos meses — ou semanas — no cargo.

Confira os exonerados:

📌 Lista de Exonerados

  1. Vicente Ricarte Bezerra Neto
    Cargo: Presidente da Junta Comercial do Estado de Roraima (JUCERR)
    📄 Decreto nº 699-P

  2. Kelton Oliveira Lopes
    Cargo: Secretário de Estado da Agricultura, Desenvolvimento e Inovação
    📄 Decreto nº 700-P

  3. Moises Lima da Silva Junior
    Cargo: Secretário Adjunto de Estado da Agricultura, Desenvolvimento e Inovação
    📄 Decreto nº 701-P

  4. Ynae Araujo Azevedo Cruz
    Cargo: Secretária Adjunta de Estado Extraordinário de Atração de Investimentos
    📄 Decreto nº 702-P

  5. Éder Rodrigo Figueira Ribeiro
    Cargo: Secretário Adjunto de Estado da Saúde de Roraima
    📄 Decreto nº 703-P

  6. Antônio Diego Parente Aragão
    Cargo: Diretor-Presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Roraima (DETRAN)
    📄 Decreto nº 704-P

  7. Bruno Cesar Cavalcanti Guedes
    Cargo: Diretor de Administração e Finanças do DETRAN
    📄 Decreto nº 706-P

  8. José Augusto Arruda de Souza
    Cargo: Consultor Técnico I da Secretaria de Educação (SEED)
    📄 Decreto nº 707-P

  9. José Rodrigues Sousa
    Cargo: Secretário Adjunto de Coordenação dos Colégios Militarizados Estaduais (SEED)
    📄 Decreto nº 708-P

O rompimento

A escalada do conflito ganhou força após a nomeação da ex-presidente do Iteraima, Dilma Costa, para um cargo no segundo escalão — alvo de duras críticas por parte de Jorge Everton, que preside a CPI de Terras e investiga a ex-gestora por beneficiamento político.

Em resposta, o governo divulgou nota pública acusando Everton de promover “desinformação” e liderar uma “minoria barulhenta” na Assembleia.

Segundo apuração do Política Macuxi, fontes próximas ao Palácio Senador Hélio Campos confirmam que a ordem é “limpar a casa” de indicações parlamentares consideradas infiéis e manter apenas os fiéis ao grupo. “O Governador precisa apenas do apoio de 17”. A exoneração em bloco foi lida como um recado direto: quem não está com o governo, está fora.

Nos bastidores, deputados falam em “retaliação explícita” e preveem retaliações legislativas. “Do pescoço pra baixo, é chute na canela”, resumiu um aliado da Assembleia.

A tensão institucional não é nova. Desde a ruptura oficial em abril de 2024, Executivo e Legislativo vivem entre trégua e tiroteio político. Entre vetos ao orçamento, CPIs, ameaças de impeachment e denúncias públicas, a governabilidade de Denarium vem sendo posta à prova.

Com o novo racha, cresce a instabilidade política às vésperas da definição da nova vaga no Tribunal de Contas do Estado — que pode se tornar o próximo campo de batalha.

Caso se confirme o rompimento total, a governabilidade nos próximos meses dependerá da capacidade de articulação de Denarium, que agora aposta em um núcleo duro mais fechado e leal. Resta saber até onde vai o custo político dessa ofensiva.

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