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“Ata fantasma” e reeleição polêmica: bastidores da crise no tennis de Roraima ganham os tribunais

Nos bastidores do glamouroso — e disputado — universo do tênis e do beach tennis em Roraima, onde raquetes e arenas climatizadas se tornaram febre entre a elite de Boa Vista, uma batalha digna dos tribunais acaba de começar.

E ela não se trava nas quadras de areia, mas nos autos de um processo judicial que promete sacudir a estrutura da Federação Roraimense de Tênis e Beach Tennis (FRRTBT).

Renato Queiroz, atual vice-presidente da entidade, ingressou com uma ação anulatória contra duas assembleias — uma extraordinária e outra ordinária —que teriam sido realizadas sem a devida publicidade e participação da comunidade esportiva, contrariando o próprio estatuto da federação.

Segundo ele, a eleição que reconduziu Gabriel Augusto Figueiredo Dias à presidência da FRRTBT teria ocorrido sem convocação formal prevista em estatuto, sem divulgação da lista de eleitores aptos, sem edital publicado e — o mais grave — com uma ata que sequer refletiria uma reunião real.

Entre saques e contra-ataques, a disputa virou caso de Justiça — e com direito a testemunhas, provas documentais e até alegações de interesses financeiros ocultos. A principal acusação é que uma “ata fantasma” teria sido registrada para validar o processo, sem que os encontros de fato tivessem acontecido.

“Não houve assembleia de verdade. Apenas a coleta de assinaturas numa ata já pronta”, denuncia Queiroz, que reforça não estar interessado em assumir o cargo de presidente, mas apenas garantir lisura no processo. “Essa não é uma disputa por cargo, e sim uma defesa da legalidade e da transparência no esporte. Não serei candidato. Só quero que tudo ocorra de forma legítima”, afirma o vice-presidente, que protocolou a ação no Juizado Especial Cível de Boa Vista.

Confira a denúncia:

Entre os pontos destacados na ação estão:

 a ausência de divulgação dos editais de convocação;

 a não apresentação da lista de eleitores aptos a votar;

 o registro das atas em cartório sem comprovação das alterações feitas no estatuto;

 e a antecipação da eleição para um novo mandato que só começa em dezembro de 2025.

Interesses comerciais e movimentação de recursos

A cereja do bolo é o novo vice-presidente eleito: um empresário recém-chegado ao cenário esportivo local, dono de uma arena privada de tênis — um movimento que acendeu o alerta entre os antigos associados. Para alguns associados, o episódio levanta dúvidas sobre interesses comerciais e a movimentação de recursos dentro da entidade.

Reserva de Poder

Com base no estatuto da própria federação, a eleição deveria ocorrer no primeiro trimestre do ano. No entanto, a nova diretoria foi registrada para um mandato que só começa em dezembro de 2025 e vai até 2029 — uma espécie de “reserva antecipada” de poder.

Renato Queiroz pede a anulação das assembleias e, de forma cautelar, o afastamento imediato de Gabriel Dias do cargo, para que sejam convocadas novas eleições.

O caso gerou repercussão entre atletas e dirigentes de clubes locais, que agora cobram transparência e a garantia de participação nas decisões da federação.

Caso a Justiça aceite o pedido, o vice assume a presidência interinamente e novas eleições podem ser convocadas.

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