A Delegacia Geral de Homicídios da Polícia Civil de Roraima realizou uma operação que culminou na prisão em flagrante de R. N. S., bombeiro civil de 44 anos, por posse irregular de munições.
Durante a ação, realizada no bairro Senador Hélio Campos, foram apreendidos dois cartuchos de calibre .38 e um de calibre 20, ambos intactos, escondidos dentro de uma caixa de celular.
O suspeito, apontado como principal suspeito no caso do assassinato da liderança indígena Angelita Prororita Yanomami, foi detido durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão expedido pela 1ª Vara do Tribunal do Júri e da Justiça Militar de Boa Vista.
A operação, conduzida nesta quinta-feira (12), tem como objetivo coletar provas adicionais para fortalecer as investigações sobre o crime, que abalou comunidades indígenas e autoridades.
A descoberta do crime: ossada identifica vítima e mobiliza investigações
A investigação teve início após a descoberta de uma ossada humana em uma área conhecida como Banho da Copaíba, próxima ao Rio Branco, no Distrito Industrial de Boa Vista. Ao lado dos ossos estava uma calcinha .
Exames de DNA realizados pelo Instituto de Criminalística Perito Dimas Almeida confirmaram que os restos mortais pertenciam a Angelita Yanomami, ex-nora do líder indígena Davi Kopenawa.
Angelita, de 35 anos, era tradutora e intérprete na Casa de Saúde Yanomami, onde auxiliava indígenas vindos de comunidades remotas do território.
Seu desaparecimento, seguido pela descoberta de sua ossada, causou profunda comoção entre familiares e comunidades Yanomami. Ela deixou uma filha de 11 anos, fruto de seu casamento com Dário Yanomami.
O desaparecimento e os últimos momentos de Angelita
A vítima foi vista pela última vez em 12 de abril de 2023, no Centro de Boa Vista, conforme imagens de câmeras de segurança. Sua identificação só foi confirmada em 30 de maio, um mês após a ossada ser localizada.
Durante o período de incerteza, amigos relataram tê-la visto na garupa de uma moto no dia 8 de abril, acompanhada de um homem, próximo a faculdade onde ela estudava.
O registro do desaparecimento de Angelita, entretanto, só foi formalizado em 31 de maio, um dia após a confirmação de sua morte.
Testemunhas informaram à polícia detalhes sobre a última vez que a viram, incluindo informações da moto e do condutor que a acompanhava.
Repercussão e exigências por justiça
A morte brutal de Angelita mobilizou lideranças indígenas e organizações que exigem uma investigação rigorosa e punição exemplar aos responsáveis. A Hutukara Associação Yanomami, presidida por Davi Kopenawa, emitiu uma nota cobrando justiça. Outros órgãos, como o Conselho Indígena de Roraima e a Urihi Associação Yanomami, também pediram apoio federal nas investigações.
O caso continua sendo acompanhado com atenção, enquanto a Polícia Civil intensifica as buscas por provas para esclarecer os detalhes do crime. A prisão do bombeiro civil é vista como um avanço importante, mas a complexidade do caso mantém as investigações em curso, com um desfecho ainda aguardado pela sociedade e pelas comunidades indígenas.