Na manhã desta sexta-feira (25/10), a Polícia Federal deflagrou uma operação para desarticular uma organização criminosa suspeita de fraudar o Benefício Assistencial à Pessoa Idosa (BPC-Loas), destinado a venezuelanos em Roraima. Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão em Boa Vista e Bonfim, visando sete investigados, entre eles, servidores públicos municipais e um advogado.
Durante a operação, os agentes apreenderam documentos e equipamentos eletrônicos, suspeitos de terem sido utilizados na falsificação de comprovantes de residência e outros dados necessários para a concessão do benefício. As investigações indicam que agenciadores recrutavam idosos venezuelanos no país de origem, garantindo a inclusão fraudulenta deles no sistema do INSS por meio da corrupção de servidores locais. Os beneficiários retornavam à Venezuela, continuando a receber o benefício indevidamente.
A Justiça Federal autorizou o bloqueio de bens e valores dos investigados, totalizando mais de R$ 33 milhões, montante estimado como o prejuízo aos cofres públicos. Os suspeitos poderão responder por crimes de estelionato majorado, corrupção ativa e passiva, associação criminosa, entre outros que venham a ser apurados.
Em Pacaraima, porta de entrada para imigrantes venezuelanos no Brasil, um mercado clandestino de concessão de aposentadorias e benefícios assistenciais tem se estabelecido. Intermediários cobram entre R$ 6 mil e R$ 7 mil para facilitar o acesso ao BPC, frequentemente utilizando documentos falsificados. A prática tem explorado a vulnerabilidade dos imigrantes, que veem nos programas assistenciais uma forma de recomeçar a vida.
O BPC é um benefício destinado a idosos ou pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade, mas o esquema em Pacaraima permitia que pessoas sem os requisitos legais obtivessem a concessão em poucos dias. A Polícia Federal continua as investigações para identificar outros envolvidos e desmontar completamente a rede criminosa.