Vereador investigado pela PF diz que não sabe do que operação se trata

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Conduzido na manhã desta sexta-feira (16) à Polícia Federal, em investigação por suposta compra de votos envolvendo agentes penais do Estado, o vereador Kleber Siqueira (SD) informou, por meio de sua assessoria, que não teve acesso aos autos, e que por isso, não sabe “ao certo do que se trata” a operação.

O vereador João Kleber Siqueira foi conduzido coercitivamente de casa à Polícia Federal e foi liberado por volta das 12h. A operação – que recebeu o nome de Dejavu pela semelhança com operações anteriores – cumpriu sete mandados de busca.

Os policiais chegaram a cumprir mandados na Câmara Municipal de Boa Vista, mas segundo a instituição legislativa, não foram encontrados materiais suspeitos no prédio.

Em 2018, Kleber Siqueira já havia sido acusado de ser “laranja” em empresa envolvida em corrupção no processo de alimentação de presos nas unidades estaduais.

A assessoria do vereador ressaltou que não houve prisão, mas confirmou que ele foi conduzido coercitivamente para prestar esclarecimentos e já foi liberado. “Destacamos ainda que o vereador está à disposição da justiça para prestar quaisquer esclarecimentos acerca dos fatos.”

A defesa do vereador adiantou que se trata de uma ação cautelar, na qual ainda não existe denúncia e processo. “Ainda estão em uma fase cautelar que é a de coleta de provas para avaliar se haverá ou não oferecimento da denúncia”.

Em vídeo publicado em redes sociais, vereador afirma estar sofrendo perseguições políticas. Confira:

Arma

Durante a operação, foi encontrada uma arma de fogo na casa do parlamentar. A assessoria do vereador afirmou que o armamento pertence a um policial, amigo do vereador, que por descuido a havia esquecido na casa.

“Este servidor estadual está esclarecendo os fatos à justiça quanto a sua responsabilidade ao bem (arma).”

Investigação

Segundo a Polícia Federal, durante a campanha era feito o pagamento em dinheiro e repassado combustível por cada voto conseguido pelos agentes públicos.

Durante as investigações, a polícia afirma ter constatado a entrega de valores em uma residência e arrecadou requisições em um posto de combustível na cidade. Além disso, uma lista com mais de 600 nomes de prováveis eleitores cooptados foi encontrada pela Polícia Federal, segundo nota enviada à imprensa.

“Restou demostrando no inquérito que os policiais penais foram responsáveis pelo transporte de valores que teriam sido utilizados para comprar votos um dia antes do pleito”, diz a nota.

Campanha

Familiares de agentes penais afirmaram ao Política Macuxi que policiais penais tiveram envolvimento com o então candidato a vereador durante a campanha, no ano passado.

Uma das fontes lembrou que no último dia 5 de novembro, dez dias antes do primeiro turno das Eleições 2020, o parlamentar teria se reunido com agentes, e prometido “apoio”. As fontes, no entanto, não deram detalhes sobre o nível de envolvimento dos policiais penais na campanha.

O vereador foi apoiado na campanha pelo deputado estadual Renan Filho (Republicanos). Em 2019, o deputado republicano foi o articulador da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que transformou agentes penitenciários em policiais penais, garantindo benefícios à categoria.

A assessoria do vereador Kléber negou envolvimento do deputado Renan Filho (RP) ou de sua assessoria no caso.

O vereador foi o 11º mais votado, com 1.629 eleitores.

Investigação administrativa

O Governo do Estado disse, em nota, que não compactua com desvios de conduta de servidores, que está colaborando com as investigações e que a Secretaria de Justiça e Cidadania vai abrir investigação administrativa para apurar a participação dos policiais penais. Se for comprovada irregularidade, os envolvidos podem ser desligados.

Policiais penais

O Política Macuxi contatou a direção do Sindicato dos Policiais Penais do Estado de Roraima, mas as ligações indicavam que o números estavam desligados. A equipe continua tentando contato.

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